A Alquimia Superior
A Alquimia Superior
O sentido de realidade e de deleite que o estudioso aspirante à criação confere à nuvem determina sua eficácia. Na alquimia, como em todas as coisas, a dúvida e a negação destroem; a fé e a felicidade sustentam.
O homem deve reconhecer que espaço e tempo são subdivisões necessárias de uma só realidade, que as limitações que encarnam, fornecendo os limites necessários, podem tornar-se degraus para o infinito e um meio autêntico pelo qual qualquer elétron pode tornar-se um universo, ou o universo pode tornar-se qualquer elétron. A atração da respiração sustida do Espírito Santo e a expiração criam um torvelinho da consciência em anéis concêntricos e rápidos, que se expandem para a periferia mais distante da manifestação.
A mente finita, a princípio, pode ter dificuldades em compreender este conceito. Para torná-lo mais fácil, permitam-nos explicar que a consciência de Deus, que sustenta o universo, também está dentro do homem. Ora, se a consciência de Deus que sustenta o universo está dentro do homem, não seria razoável supor que o homem também pode estar no interior da consciência que sustenta o universo?
No intercâmbio macromicrocósmico, no grande fluxo da vida, do deleite, da alegria infinita, o homem sente a unidade de tudo que vive; e reconhece que seu papel, como receptor dos benefícios do universo, implica a transmissão de benefícios de sua própria consciência criativa de volta ao universo. Existe alegria na construção do templo da vida, pois a ordem e o serviço do templo criam no indivíduo o sentimento de construção, quando à sua volta ocorre a demolição de valores, costumes e da fé. Entretanto, no templo ele encontra seu papel construtivo em meio aos papéis da destrutividade de que os homens elegeram para si mesmo.
Muitos dizem: "Vamos destruir para que possamos construir." Eles devem ter em mente que, para que possam construir de maneira sensata e correta, todas as tendência destrutivas devem ser eliminadas de sua consciência; pois a lei criativa, ao expandir a realidade de Deus para a estrutura da ordem natural, automaticamente remove suas imagens imperfeitas.
Não há necessidade de manter na consciência um conceito destrutivo ou mesmo de condenação. O amado Jesus afirmou: "Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele."1 O segredo da Árvore da Vida será descoberto, mas o buscador deverá, em primeiro lugar, renunciar à sua percepção pessoal, a seu sentimento de separação de Deus e da vida, a fim de que a consciência universal possa fluir para ele. Assim, o sopro do Grande Alquimista tornar-se-á seu.
Então, não é o "eu" pessoal quem realiza a obra, mas o Pai em mim trabalha até agora, e eu trabalho também.2 O Pai que trabalha é o esforço criativo do universo, que amplia a visão da perfeição da vida para uma humanidade em evolução. O "eu" que atua é a individualidade consciente unida à Presença do EU SOU da Realidade universal. É o Filho trabalhando com o Pai Todo-Poderoso para produzir em cada homem e para cada homem a totalidade da glória que conhecemos em conjunto, antes do mundo ser.
Se as manifestações imperfeitas defraudam as funções da lei cósmica, vale lembrar que o Espírito acentua a qualidade da vida. Por meio do lindo bônus da aceitação, pelo homem, da realidade e do fluxo da vida, ele se torna totalmente identificado com o Espírito sem forma. Então ele é capaz, na manifestação da forma, de criar uma perfeição relativa, assim no alto como embaixo.
Assim como o Mestre alertou seus discípulos, "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céu",3 da mesma maneira retiramos das mentes dos futuros alquimistas a idéia de que a forma não pode ser aperfeiçoada dentro de uma estrutura relativa.
Não obstante reconhecermos que, segundo os padrões da evolução, formas e idéias transcendem a si mesmas no grande plano cósmico, também percebemos que, em um universo transcendental, os cientistas têm conseguido aperfeiçoar seus métodos e invenções ao longo de épocas históricas. Assim, as dispensações da ciência têm sido organizadas na esperança de que, libertando a humanidade de sua labuta, esta utilizaria seu tempo livre e energia para desenvolver a consciência crística que protege e transcende a mente mortal e o ser do homem.
A Grande Fraternidade Branca tem consciência de como as tendências destrutivas na música e na arte podem exercer enorme influência nas mentes jovens. Muitos jovens de hoje não possuem um padrão através do qual possam julgar aquilo que lhes é oferecido, simplesmente porque, desde a tenra idade, eles foram enredados em teia de escuridão que, para eles, parece ser uma criação da luz.
Assim, torna-se difícil estender as asas do Espírito até essas jovens almas, pois o intelecto humano, estimulando seus egos rebeldes, convenceu-os de que a forma livre e a ausência de quaisquer restrições constitui o meio através do qual eles alcançarão a auto-realização.
Nada poderia estar mais longe da verdade, pois a autodisciplina é a necessidade do momento. Contudo, essas almas indomadas não renunciariam à sua vontade humana por nada nem ninguém, portanto, é fácil para o príncipe das trevas encontrar discípulos dentre aqueles que foram subvertidos desde os seus mais tenros anos.
A alquimia mais elevada é a precipitação da consciência do Cristo, e todos aqueles a quem foi concedido o sopro da vida têm a obrigação solene de transmitir os preceitos da sabedoria sagrada, antes de passar a tocha da responsabilidade à próxima geração. O antigo provérbio "oriente uma criança em sua trajetória e, quando estiver mais velha, ela não se afastará dela" torna-se, então, a injunção da vida para toda a humanidade. Buscando um meio de desenvolver a melodia e a qualidade da vida, devem considerar e reconsiderar suas determinações, até que estejam efetivamente interligadas em toda a estrutura do esforço rumo ao futuro.
Imoralidade, cobiça, egoísmo e desonra jamais proporcionaram, em qualquer época, algum tipo de recompensa, exceto a destruição das espirais do futuro. Apenas a luz pode elevar-se, seja na civilização ou no homem individualmente. Apenas a luz tem o poder de dotar a nossa nuvem com o entendimento de que é o nosso próprio futuro, tecido hoje a partir das energias controladas de nossos seres e dotado resolutamente de nossa visão mais elevada e de nossa fé mais rica, que produzirá o fruto da doação ao universo, na qualidade Divina mais elevada e criativa.
À medida que os preparo para esforços mais avançados, envidados para seu próprio bem e para o bem da humanidade, é fundamental contemplá-los com o melhor de minha aptidão, através de meios espirituais, com a visão do que é Deus. Até mesmo em nossas oitavas superiores é impossível, para nós que ainda nos encontramos em um estado individualizado inferior, compreender a plenitude de quem é e o que é o Maior dos Alquimistas. Contudo, podemos nos aproximar do Santo dos Santos; podemos chegar mais perto transcendendo a nós mesmos, assim como ele está sempre transcendendo a si próprio, sendo transformados, de glória em glória, pelo Espírito uno universal.
O esforço imutável de transformação jamais pode entediar-nos ou fatigar-nos, porque temos consciência de que, a cada passo dado por nós, sobrevém um salto infinito nas esferas mais elevadas de todos nós. Deus identifica-se tão lindamente com cada parte da vida que existe uma alegria em toda a criação quando o Eu Superior dá o salto gigantesco. Nas palavras de Cristo a seus discípulos da antiguidade, "Eis que nós subimos a Jerusalém".4
A Cidade de Deus, a Cidade da Paz, o parlamento cósmico do homem – são estes os produtos do amor do Pai, da idéia do Grande Transcendentalista, do Eterno Alquimista, do Grande Espírito, de Deus o Pai, de Cristo o Rei. Aquele que derruba as montanhas e eleva os vales, aquele que depõe dos seus tronos os poderosos e exalta os humildes,5 faz todas essas coisas a fim de produzir o summum bonum da realidade última para todas as áreas da vida.
Sua generosidade é irrepreensível e, se seus preceitos tivessem sido considerados em qualquer era por qualquer sociedade, os espinhos dessa época teriam sido neutralizados e destruídos. As fragrância da rosa teriam permeado o século. Os conhecimentos, a cultura e a beleza mais elevados teriam se manifestado. A dor e o sofrimento teriam chegado ao fim em sentido relativo e, através do entendimento, o arco dourado teria sido visto por todos na esfera de suas realizações imediatas. A porta dourada teria sido aberta de par em par e a essência do propósito teria sido percebida por trás de tudo isso.
A natureza e o Deus da natureza conspiram a fim de produzir mundos universais infinitos, o grande magnetismo cotidiano, o dom universal que, como masculino e feminino, como positivo e negativo, como Espírito e Matéria, destina-se a produzir as maravilhas da vida. Sua beleza ofuscante e fascinante pode estar em toda parte, mas para alguns trata-se de um movimento extravagante, ante o qual esquivam-se. Para outros, é um hino universal da intenção.
Mas para aqueles, como nós, que amamos, acima de tudo, conduzir a humanidade pela palavra e pela ação, é a oportunidade do eterno Buda, o botão em flor da realidade jubilosa, cuja fragrância está em toda parte, permeando a qualidade da vida; removendo os odores das trevas; envolvendo a tudo. Ele revela o significado e a finalidade do amor que renasce sacrificando a si mesmo. O que mais poderei dizer quando estamos no umbral?
Eu digo, eu acendo uma chama no âmago dos seus seres. Grandes ou pequenas, que as chamas possam expandir-se a ajudá-los a criar, para si mesmo e para a glória do Grande Alquimista, uma existência inteiramente voltada para a obtenção do domínio e para tornar-se una com o Grande Exemplo.
Ah, possamos nós amar juntos! Possamos nós estar juntos, e ver juntos o movimento longínquo que deseja ardentemente aproximar-se.
Misericordiosamente, continuo a ser
Saint Germain.
DO LIVRO - A ALQUIMIA DE SAINT GERMAIN
DE ELIZABETH CLARE PROPHET
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