Thursday, April 03, 2008

Unindo o Passado com o Futuro no Presente

Pode ser um texto um tanto longo, mas as palavras são para serem guardadas como uma lição, como um aprendizado, como um conhecimento para ser usado desde agora.
Leiam com atenção, repassem para seus amigos, peçam ou leiam para crianças, pois são para elas principalmente. Elas precisam ter o conhecimento de como administrar nosso futuro, ou o delas, com sabedoria, comungando com a natureza (se houver uma).
Não vejam a quantidade, mas sim seu conteúdo.
Abraços!

UNINDO O PASSADO
COM O FUTURO
NO PRESENTE
= O chamado às tradições =
M.V.M.
MELKIZEDEK


Segunda Lua Cheia de Junho 2007

INTRODUÇÃO

Todo caminho tem um início e um final.
Toda senda tem uma meta… ou várias.
O caminhar do espírito na Terra é um caminhar multidimensional.
Caminha na Terra com seu corpo… e seus pés o dirigem até onde sua mente o leva... ainda que sua mente não saiba, muitas vezes, aonde ir.
Caminha com seu coração até a felicidade… ainda que muitas vezes pareça que se distancia e, em outras, quando crê que tenha alcançado, não saiba como cuidá-la e a volte a perder.
Caminha com sua alma para Deus… e busca orações e templos, faz penitências e promessas, segue conselheiros e mestres, sacerdotes e gurus... porém, Deus parece às vezes estar próximo e outras vezes distante.
E, neste caminhar multidimensional, o ser humano inventou coisas para sentir-se próximo de Deus.
O ser humano observou a natureza e a reconheceu como o livro onde Deus escreveu sua vontade.
Assim nasceram as tradições... o ensinamento divino revelado aos sábios. Tão público, que sempre estava à vista de todos... e às vezes tão secreto que ninguém podia entendê-lo.
E essas tradições foram sendo passadas de lábios a ouvidos... porque ninguém confiava nas palavras escritas.
Jamais uma palavra poderia expressar o que o Sol nos diz quando aparece no horizonte e inicia seu diário registrado pela abóbada celeste.
Como explicar em palavras o que sente a alma quando observa a águia a percorrer seus domínios nas alturas das montanhas.
E cada povo leu no livro sagrado da Terra as lições que Deus deixou para seus filhos em cada criatura, em cada nuvem e montanha da natureza.
Os povos das neves leram na neve e nos lagos o que Deus deixou para eles.
E os povos da selva encontraram suas lições em meio às árvores milenares e cascatas escondidas.
As gentes da tundra e da savana as buscaram entre rochas e pedreiras, em meio de vales sagrados e grutas misteriosas.
Sempre esteve Deus próximo deles e sempre estiveram eles próximos Dele.
Porém, os céus mudaram, as estrelas se moveram, muitas luas passaram... o peso dos séculos foi se acumulando sobre a história do Planeta.
E nasceram as cidades, as ruas e os edifícios.
Os homens deixaram as peles e se vestiram com roupa de fábricas.
Distanciaram-se da natureza e a encerraram-na em parques... e disseram que era para protegê-la.
E o ser humano começou a viver em um mundo inventado por ele.
Já não estava o irmão castor para ensinar-lhe os mistérios dos rios, nem a irmã águia para mostrar-lhe como devia voar. Já não era possível falar com as árvores para descobrir seus segredos, agora todos eles estavam encarcerados em parques e zoológicos... para protegê-los.
E o ser humano? ...
O ser humano se havia construído uma cela ainda maior... e chamou-a civilização, chamou-a cidade, chamou-a sociedade... porém, era uma cela e não se dava conta.
O ser humano criou, então, escolas e institutos. Para ensinar seus filhos a viver dentro da cela... para ensinar-lhes como ser felizes ainda que estivessem presos.
E sentir um ar de liberdade... ainda que não pudessem sair nunca de suas celas.
Por isso nasceram os homens que queriam ser livres, os que sim, se davam conta da tragédia.
Os que gritavam aos quatro ventos que a humanidade havia perdido o caminho.
Porém, eram considerados loucos, e às vezes até os queimavam em fogueira.
Por isso os homens livres tiveram que se esconder e se reunir em pequenos grupos... à margem da sociedade que os separava.
E desde então ensinaram a verdade.
E criaram as tradições.
Que logo passaram de lábios a ouvidos.
Poucas vezes escreveram em livros suas verdades... era demasiado perigoso.
Tiveram que se esconder para viver sua liberdade.
E essas tradições ainda permanecem... na posse de uns poucos. E o ser humano, apesar de estar perdido,... possuía uma alma que vibrava e lhe falava de Deus... de horizontes perdidos que desejava... de recordações escondidas em sua alma.
E isso o levou a buscar... e a buscar... e a buscar.
E desenvolveu a ciência.
Uma que buscava nas estrelas chamou-a astronomia... talvez perseguindo uma recordação de uma viagem na origem dos tempos, que haviam feito seus antepassados... talvez como buscando uma casa abandonada em algum tempo distante.
Outra que buscava em meio aos átomos e partículas subatômicas chamou-a física. Esta, a inventou, tratando de descobrir a origem da matéria, talvez aí se encontrava o mistério de Deus.
Uma mais se dedicou a buscar em meio às células humanas, dentro das partículas que formavam o corpo humano, talvez querendo encontrar Deus mesmo disfarçado de cromossomo... e não descansou até decifrar o genoma humano... agora sim, já podia brincar de ser Deus. Já podia inventar seres humanos e fazê-los da cor que mais gostasse.
Porém, sem que alguém se desse conta... o ser humano estava inventando um novo caminho.
Era a mesma busca da natureza que haviam iniciado seus antepassados; novos olhos para os mesmos mistérios. Uma nova espiral na trama da vida.
Novas portas que conduzem às mesmas metas.
O mesmo espírito, a mesma interrogação com novos instrumentos e novas linguagens.
E o homem e a mulher sem se dar conta...
Estavam criando as novas tradições, porém agora com microscópios e telescópios, reunindo-se em universidades e institutos, em laboratórios de pesquisa.
Mesmas almas, agora com aventais de laboratórios em lugar de peles de animais.
Uma ronda nova no mesmo mundo que conhecemos.
A vida milagrosa seguindo uma espiral mais na viagem infinita da evolução.
Até quando? ... Desde quando?
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Acaso importa?
Bem-vindos a esta síntese do caminhar do ser humano.
Uniremos o passado com o futuro... E o faremos agora, no presente.
Melkizedek


1. AS PRIMEIRAS PERGUNTAS

Somente quando a luz da alma ilumina a consciência humana, pode começar o ser humano a buscar respostas.
A mente é uma fábrica constante de perguntas. E a própria mente humana não pode responder ao que ela mesma pergunta.
Porque as respostas que vêm do mesmo espaço mental que pergunta não são mais que labirintos que conduzem a ponto de partida. São respostas que não matam a sede, somente a adiam.
As respostas que fazem crescer o homem e a mulher devem provir do espaço da alma. Devem ser o fruto de uma meditação profunda onde a alma pode iluminar a consciência... então, as respostas são de outra natureza.
O homem e a mulher crescem em consciência... seu entendimento se expande, seu olhar muda, sua alma toma por uns momentos o controle da vida e se experimenta uma sensação de estar mais próximo de entender os segredos de Deus.
E no passado remoto houve mentes que puderam conectar-se com suas almas, sempre tem havido... sempre houve, há e haverá.
Eles e elas são os guardiões das tradições. Almas velhas em corpos humanos. Olhos que vêem mais além do que as formas projetam. Pensamentos que iluminam o que a vista descobre no vale de sombras que nos envolve a todos.
Essas mentes iluminadas por suas almas puderam explicar o mundo que viam. Viram o que impulsionava os rios ao descer das montanhas para correr ligeiro até o mar que pacientemente os esperava em algum lugar mais além das vertentes e vales.
E isso lhes ensinou porque o ser humano buscava desesperadamente a Deus.
Puderam entender porque a águia voava placidamente tão alto, e só de vez em quando se projetava, como um raio, até o solo para apanhar algum animal que pudesse servir como alimento a seus filhotes.
E isso lhes explicou o mistério dos domínios. Há os que nasceram para dominar um pequeno rincão da natureza, enquanto outros nasceram reinando em grandes extensões de terra. Uns nascem para arrastar-se como a serpente e outros nascem para voar.
Logo se perguntou... Quais são os meus domínios?
Olhava as montanhas imponentes... nunca se moviam, nunca se angustiavam, nunca riam, estavam sempre ali para protegê-lo dos ventos, ou para castigá-lo com avalanches se não respeitavam seu solo... Entendeu que eram guardiãs. Cuidavam da natureza e cuidavam do homem e da mulher... então, fez-se amigo delas e as adorou.
Viu o mar... impassível às vezes, outras irascível, porém sempre se movendo em ciclos rítmicos intermináveis. Ondas que vem e vão, sempre o mesmo rumor das ondas golpeando a praia, trabalhando, desenhando novas faces nas costas, inventando a geografia.
E então soube que o mar era o lugar de destino de todos os rios do mundo. Soube que daí partiam todas as nuvens que depois umedeciam os campos e faziam crescer as flores e as árvores, e estas davam vida aos vales de onde os animais se alimentavam.
O mar era a resposta.
Era daí, de onde tudo havia saído.
E enamorou-se do mar... porque o mar lhe falava em silêncio.
Sem palavras.
O mar lhe falava à sua alma... e lhe dizia: desperta! Desperta!
E a alma respondia.
Então pensou... o mar é de onde eu venho.
O mar é como o lugar de onde saiu o meu espírito.
A ele tenho que regressar algum dia.
A vida do espírito é como a vida no mar profundo... quieta, em paz.
A vida da mente é como o mar nas praias... sempre em movimento, sempre inquieta, golpeando aqui e retirando-se lá. Sufocando as rochas, fazendo espuma e rompendo em brisa que logo se dissipa.
Por isso tenho que encontrar a forma de chegar à fonte de onde saiu meu espírito... tenho que buscar a Deus.
E criaram-se as tradições. Sistemas de conhecimento sagrado que encerravam as respostas que os homens encontravam.


2. AS PERGUNTAS CORRETAS

O ser humano do passado viveu no meio da natureza e a viu como mãe. A Mãe Terra, o ser mais maravilhoso que Deus podia nos haver dado. A que nos alimentava, a que nos dava o vento para refrescar nossos corpos, a que nos dava chuva para alimentar nossos campos, a que nos dizia quando armazenar alimentos porque chegava o inverno e era a época que ela utilizava para renovar o vestido dos campos, eliminar o que já era velho.
Logo nos mandava a primavera e pintava os campos de flores para que recordássemos que mais além de todos os problemas, mais além de todos os invernos, sempre havia uma primavera a nos esperar. Por mais cruel que fosse a vida, por mais forte que sopravam os ventos gelados, sempre haveria um momento em que o sol apareceria novamente e as flores votariam a iluminar nossas vidas.
A Mãe Terra sempre cheia de lições, sempre nos ensinando.
Como a astúcia do lobo que nos ensinou a força da manada, que nos falava de que em grupo podíamos fazer mais que quando atuávamos sozinhos.
A laboriosidade das abelhas que vivem em colméia, dão sua vida por ela e no final triunfam sobre seus inimigos porque todas trabalham diligentemente fazendo o que devem fazer.
A liberdade dos patos que quando sentiam chegar o inverno simplesmente marchavam para outras terras, sem apegos nem remorsos, sabendo que o mundo era sua casa.
Cada animal vivendo a sua vida. Nascendo e morrendo, satisfeitos de haver vivido de acordo com o que a natureza lhes marcava.
Porém o ser humano se perguntava que tanto a natureza podia ensinar-lhe.
Qual era a vontade de Deus para o ser humano? Esta era a pergunta das perguntas. O que queria Deus que o ser humano fizesse?
Deus havia dado garras ao leão, força ao elefante, asas às aves... pensamento ao ser humano.
Por quê?
Por quê o pensamento do ser humano era mais poderoso que as garras e a força? Por quê o ser humano podia voar mais alto que as águias com seu pensamento? Por quê o ser humano podia vencer os tigres sem ter suas garras nem presas? Qual era o mistério que Deus queria que o ser humano desvendasse?
Estas eram as perguntas dos primeiros sábios da humanidade.
Eles, os que se preocupavam em agradar os Deuses. Os que pensavam mais além da caça e da pesca, os bruxos e os xamãs, os anciões e os curadores, esses formaram uma nova classe de homens.
E estas foram as perguntas que deram lugar à sabedoria do ser humano. As que depois se transformaram em medicina, em psicologia, em religião.
Eles foram os primeiros pensadores da humanidade. A eles devemos tudo.
Porém,... uma era a mente que perguntava. E outra... era a alma que respondia.
Nem sempre a alma respondia.
Para que a alma responda deve ser feita a pergunta correta.
A verdade não se encontra nas respostas... encontra-se nas perguntas.
Cada pergunta é uma porta que o ser humano fabrica... e que logo busca abrir.
De nada serve uma porta que não nos conduz à meta que queremos chegar.
Por isso há que se fazer as perguntas corretas.
De nada adianta perguntar-se... Por quê acontece isso a mim? Por quê me querem fazer mal? Por quê eu?
As respostas estão encerradas sob o fantasma de que a vida é injusta. É perguntar sabendo de antemão as respostas.

Respostas limitadas à mente ingênua que crê conhecer a vida.
Perguntar-se: O que posso aprender com esta lição? Como posso proteger-me desta pessoa? São perguntas que lançam a mente em outra direção. Perguntas de poder, perguntas que abrem a mente a outras possibilidades.
Estas eram as perguntas que se fizeram os sábios da antiguidade.
Assim abriram as portas corretas.
Fabricaram caminhos.
Como o que ensinava o mistério da árvore...
Aquele que usava o velho xamã quando dizia a seu jovem aprendiz: “Uma árvore inteligente nasce próxima das pedras... assim não pode ser comida pelos animais quando ainda é tenra e pequena. Quando jovem é flexível e os ventos não podem quebrá-la, pois se dobra em lugar de querer resistir à sua força. Faz raízes profundas para que não possam arrancá-la facilmente quando alguém tente extraí-la. Logo cresce e se rodeia de uma casca que a protege das formigas e outros insetos que sempre querem lhe tirar algo. No final de sua vida solta sementes, que busca sempre proteger encerrando nelas o que a árvore aprendeu com a vida, assim seus filhos serão mais fortes e sábios que ela”.
O jovem aprendiz não podia fazer perguntas, o xamã já tinha falado... o aprendiz devia observar, observar e observar.
Devia aprender a ser como a árvore. Proteger-se em alguma pedra, como o xamã que era seu protetor, devia ser flexível para que os ventos não o quebrassem, nunca ser teimoso com seus pensamentos porque, seguramente, sua estupidez o tombaria, devia proteger-se à medida que crescesse com os valores e a disciplina que lhe ensinava o velho xamã, porque só assim poderia evitar ser molestado pelas demais pessoas e, no final de sua vida, teria que buscar algum aprendiz que quisesse ser como ele, a quem deveria ensinar tudo o que ele mesmo havia aprendido observando a natureza.
Abrir o canal à sua alma, era o que o xamã lhe estava ensinando.
Os xamãs sabiam e apreciavam a sabedoria do silêncio.
Porque o que fala não pode escutar o que sua alma diz.
E a alma explica o que a vida lhe mostra.
A mente pretende saber, pretende explicar usando o que recorda do que tem lido, do que tem escutado.
Por isso os homens muitas vezes pretendem ser sábios, quando tudo o que fazem é repetir verdades alheias.
Letras mortas que utilizam como se fossem próprias, porém, são incapazes de explicar porque não nasceram de sua experiência.
Só o que a alma ensina nos faz crescer.
A mente repete o que tem escutado ou lido.
A alma fala sempre nova, sempre é nova. Com a sabedoria do que está conectado com o infinito.
Os eruditos são como livros com patas e com língua.
Os sábios são pessoas que falam desde a alma.
Os eruditos se vangloriam do que recordam.
Os sábios dão graças por estarem vivos e serem felizes.
Os eruditos buscam falar, falar e falar.
Os sábios buscam observar, observar e observar.
Dois caminhos diferentes. Os dois válidos... para diferentes propósitos.
O erudito serve à mente.
O sábio venera a alma.
Há muitos eruditos nos foros mundiais e em grandes assembléias. Vestem trajes e viajam em aviões de primeira classe. Escrevem livros com palavras que recordam e frases que tomam emprestadas de alguém. Têm muitos livros em suas bibliotecas e competem com outros eruditos para ver quem escreve mais rápido a maior quantidade de livros.
Os sábios não estão sob refletores, nem nas grandes assembléias; encontram-se calados em algum lugar da Terra, felizes por poder aprender da vida, da natureza; talvez não tenham livros, nem biblioteca; talvez nunca escreveram um único livro em sua vida, porém cada palavra deles vale mais que milhares de livros que os eruditos escrevem.
A diferença entre um erudito e um sábio é a mesma que há entre um atoleiro de água estancada e um rio que desce alegre da montanha.
As tradições nos deram a sabedoria da natureza, a sabedoria do único livro que Deus escreveu para todos nós. Um livro escrito na linguagem mais sagrada e mais poderosa que todas. Um livro que não necessitava ser traduzido porque todos podiam entendê-lo se o desejassem.
Um livro que podia ser explicado quando o ser humano abrisse a porta que conduzia a sua alma.
Por isso é importante saber perguntar... as perguntas poderosas, as perguntas que abrem as portas corretas. As perguntas que só a alma pode responder.
Por isso sempre lhes direi... meditem, meditem, meditem.
Formulem as perguntas corretas e aí estarei eu respondendo através de sua alma.


3. AS GUERRAS

O homem e a mulher do passado criaram as tradições para caminhar para Deus. Sabiam que havia alguém muito grande que lhes havia criado, se sentiam sujeitos a uma vontade superior que dominava os elementos, que movia a seu capricho as forças da natureza. Tinham esse contato com sua realidade interior que não podiam explicar, porém, que lhes movia a encontrar um elemento mágico na trama da vida.
Ante cada surpresa que a vida lhes oferecia eles se perguntavam: O que temos feito para que Deus nos castigue ou nos premie assim? Ainda que fosse evidente que havia muitos deuses, alguns queriam o melhor para eles, eram amigos dos homens, enquanto outros eram malignos e, portanto, sempre que havia uma luta entre eles os mortais eram os afetados.
Nos vales nórdicos os Deuses eram guerreiros e os espíritos dos homens que faziam honras às guerras eram recebidos nos céus como heróis.
O ser humano honrou a guerra. Seus deuses assim o mandavam. Entre os astecas foi o mesmo e também entre os romanos e muitos dos povos da América do Sul, África e Austrália. Até os próprios muçulmanos honravam as guerras que faziam em defesa da fé. Os próprios cristãos empreenderam suas cruzadas pela mesma razão.
O ser humano moderno tem feito o mesmo, os povos árabes invocam a guerra santa quando se trata de defender seus interesses e os Estados Unidos invocam seu próprio Deus quando buscam proteger seus soldados. O ser humano não tem deixado de honrar as guerras. Como se desta forma pudesse lavar sua consciência que lhe grita como está equivocado ao lutar contra seu irmão por causas que nada têm de nobreza.
É necessário mudar dentro do ser humano o paradigma que o move a lutar quando falha.
Enquanto os governos pensarem que ao lutar o fazem por seu próprio país, enquanto pensarem que podem ganhar uma guerra e que isto beneficiará seus povos, o mundo seguirá em guerra.
O que é necessário para todos os homens e mulheres do mundo é entender que em uma guerra..., todos perdemos.
Perde o que ganha, porque deverá arrastar em sua consciência o sangue de todos os seres humanos que matou. Perde porque deve carregar toda sorte e o ódio dos povos que submeteu. Perde porque seus próprios soldados adoecem de ódio, de remorso, de dor e essa doença fica em suas famílias que depois são passadas a seus filhos e pouco a pouco vão criando uma sociedade onde a guerra é justificada e o inimigo não é unicamente o soldado estrangeiro, o inimigo é todo aquele que for diferente, que não pense como eles. Já não há diferença entre o inimigo estrangeiro e o vizinho que pensa diferente.
Perde o que é vencido e tem que se levantar das cinzas do que sobrou de seu povo e carregar a dor de seus filhos que perguntam: por quê? E recebem um silêncio como resposta. Perdem a guerra e voltam a perder quando seus filhos crescem com ódio em suas veias por esses soldados que levaram seus pais de seu próprio país, eles, os invasores vieram e os mataram, destruíram seus povos, mataram seus seres queridos e logo se foram deixando tudo feito cinzas e tudo... por quê?
Não há resposta válida.
Não há uma que satisfaça a dor do coração de uma mãe ou de um filho a quem mataram o pai.
Como não há resposta para a mãe do soldado morto em um país estrangeiro onde foi para lutar numa guerra que não era sua, que não entendia e que no final, quando já estava a ponto de expirar, a luz se revela ante seus olhos e entende que tudo era uma simples luta por ganhar voto nas seguintes eleições.
Porém, não foram simples assim as guerras; houve um tempo em que as guerras eram para defender a honra de um povo que era humilhado por um inimigo, para defender a sorte de um povo ameaçado por um poder ambicioso.
As guerras o ser humano as tem visto como uma tradição. Dentro do exército existem tradições, tradições de honra, tradições de lealdade, de códigos de guerra. O soldado que as honra é um soldado que merece a homenagem do povo.
Porém, o soldado que vive com honra é o que defende seu povo... não o que ataca a outro.
Não há honra quando se luta em um povo alheio. Não há honra quando se mata o irmão de sua própria casa.
Não há justificativa possível quando alguém esgrimindo sua própria segurança mata todos os que lhe parecem ameaçadores.
Deve entender-se que o assassino também mata por medo. Não há nada mais perigoso que um governo pequeno dentro de um povo grande.
Por esta razão o ser humano tem buscado, desde sempre, um guia que lhe marque o rumo que o leve de volta a seu Criador.
O ser humano busca o caminho de volta. E desgraçadamente... o ser humano tem tomado muitas vezes o caminho da guerra.
Porém, quando se entende que vivemos em um mesmo mundo e que o ar que respiramos em nossa cidade é o mesmo ar que amanhã estará em outro país sendo respirado por nossos irmãos...
Quando entendemos que a água viaja pelo mundo em forma de nuvens, de rios, de mar, sem ter que usar passaporte nem falar diferentes línguas, quando aprendemos que as aves cruzam fronteiras sem perguntar em que país estão, compreendemos que vivemos em uma grande aldeia. Viajamos em uma mesma nave, compartilhando a mesma sorte que todos os nossos irmãos.
Quando entendemos que os problemas da China são nossos problemas, que os problemas de Java, da Austrália, dos Estados Unidos, do México, da Venezuela são nossos próprios problemas; quando entendemos que se alguém mata uma baleia perde o mundo; se alguém maltrata um animal maltrata a todos; se entendermos que quando alguém corta uma árvore o mundo sente... então, estaremos nos aproximando a essa consciência que devemos despertar em todos nós.
Não há diferença entre o aborígine da Austrália, os índios quéchuas do Peru, os maias de Yucatan. Eles vivem da mesma forma como os jovens executivos de Wall Street ou os soldados do Irã. Todos têm um coração que ama e que teme. Todos têm uma família da qual cuidam e filhos que esperam ver crescidos e felizes.

O ser humano vem seguindo um caminho de volta. Todos a sua maneira.
Entre as eternas neves da Groenlândia, entre as selvas da Amazônia, em meio aos desertos da África ou entre as vias estreitas da Turquia. O ser humano vive sem escutar sua alma, porque se o fizesse, entenderia que o caminho não é a guerra... o caminho é o amor.
Meditem, meditem, meditem.
Aí encontrarão o caminho.


4. O CAMINHO DE VOLTA

No passado o ser humano descobriu um caminho para aproximar-se de Deus.
Não era o da guerra, esse não o aproximava de Deus, ele sabia. A guerra era algo necessário.
A luta pela sobrevivência, primeiro foi para defender-se dos animais que o atacavam... logo para defender sua família de outras tribos que queriam o que eles haviam conseguido, suas mulheres, suas peles, suas cavernas.
Por isso o ser humano viu a guerra como algo normal em sua vida..., porém, isso não o aproximava de Deus.
O que o aproximava de Deus era a oração.
Muito cedo o ser humano encontrou que Deus há que lhe falar.
E Deus escuta... e sempre responde.
Porém as respostas nem sempre são o que o ser humano espera.
Por isso aqueles que sabiam interpretar a linguagem de Deus, pronto converteram-se em sacerdotes.
Os sacerdotes sabiam quando Deus falava. Quando Deus respondia às petições dos homens e das mulheres. Encontravam as respostas nas nuvens, na água de uma tigela, no vento ou no fogo.
Porém, o sacerdote sabia que a resposta mais certa era a que ele recebia no coração.
Deus respondia sempre..., porém, dentro do coração.
E o silêncio também era uma resposta.
Às vezes Deus calava e isso significava que a pergunta não era do seu agrado, ou a resposta não era a que o ser humano esperava.
Assim, nasceram os primeiros oráculos. E, com os oráculos, nasceram os profetas, os magos e as sacerdotisas.
E começaram muitas tradições... todas querendo penetrar os mistérios divinos... averiguar o que Deus queria para seus filhos.
Alguns perguntavam coisas triviais... se o marido regressaria, se sua mulher se curaria.
Outros perguntavam se deviam ir à guerra, se deviam levantar as armas... por isso, às vezes, os oráculos escreviam a história dos povos.
As coisas não têm mudado muito em nossos dias. Agora os oráculos são rodeados de cristais, de incenso, de fotos enigmáticas. Grimórios estranhos* e linguagens esquecidas pelo tempo. Os seres humanos seguem consultando o futuro... nas cartas, nas taças de chá, na fumaça do cigarro, nas linhas das mãos. (Grimório: livro antigo do rituais mágicos)
Os governantes consultam seus oráculos... eles os chamam agora junto com os chefes do exército, da inteligência militar, sentam-se nas mesmas poltronas... todos seguem esperando que o céu aprove suas decisões.
Porque o ser humano continua sendo temeroso de Deus.
Sabe que é um ser espiritual que deve render contas quando sua vida se acaba.
Entende sua responsabilidade de governar...e não quer equivocar-se.
A sociedade moderna nos revela, aos mesmos homens e mulheres do passado, com instrumentos modernos e tecnologia avançada, porém com os mesmos temores e inquietações de antanho.
A tecnologia talvez tenha avançado muito... porém, o ser humano continua tendo os mesmos temores e sentimentos que no passado remoto...
Por isso hoje as igrejas usam tecnologia virtual e fazem as missas por televisão. Porém, os pecados escutados em confessionários continuam sendo os mesmos há milhares de anos.
O passado nos revela algo impactante.
O ser humano tem mudado o mundo exterior. O tem enchido de tecnologia, de máquinas que voam e exploram o espaço. Janelas que mostram o que se passa do outro lado do mundo no mesmo instante em que se passa e aparatos com os quais se podem falar e ver outra pessoa ainda que esteja, nesse momento, em outro país.
Porém, em seu mundo interior..., continua sendo a mesma criança temerosa que deseja, que sofre, que chora e que ri.
Segue querendo que o mundo o reconheça como alguém importante e valioso, segue necessitando de alguém que o ame. Quer sentir-se seguro e protegido.
Alguns encontram tudo isso na família..., buscam-na, constituem-na e a protegem, vivem felizes ou, ao menos tranqüilos.
Outros não a encontram e se refugiam na religião. Muitas das igrejas do mundo estão cheias de fracassados da sociedade; pessoas que buscam escapar de uma realidade que não lhes satisfaz.
Por esta razão muitos dos líderes religiosos pregam com a frustração que suas vidas lhes têm deixado.
Porém, há outros que encontram na fé o caminho de volta.
Conseguiram estabelecer uma família ou alcançar a paz consigo mesmo. Conseguiram sós ou com seus filhos e sua parceira. Eles são os que estão livres para voar pelo céu do espírito.
O que busca a Deus, O encontrará em alguma das tradições que o ser humano construiu.
***Na arte... dando rédeas soltas à expressão de seu espírito que se volta à música ou à pintura que explora e se expande enquanto sua arte vai tomando sentido em uma obra mestra de expressão de sua alma.
***Na religião, onde encontra Deus, às vezes, na voz de um líder cujas palavras fazem eco de suas próprias inquietações e que sente que lhe orientam nas coisas cotidianas da vida. Outras vezes na oração que, como veículo veloz, o leva até as moradas internas, onde pode ter conversações íntimas e privadas com esse Deus a que venera.
***Em serviço ao próximo. Muitos homens e mulheres de hoje, encontram hoje no serviço o caminho de volta. Há instituições que servem altruisticamente e esse é o melhor campo para servir, no exercício desse amor o ser encontra Deus no rosto e nas mãos dos irmãos a que serve.E os que buscam mais além. Os que sabem que Deus é algo mais tangível e menos misterioso.Esses encontram em sua alma.


5. A LUTA ATUAL

E nesta busca para encontrar o caminho de volta a Deus, o ser humano segue as tradições.
Há os que se mantêm firmes em seu passado.
Os irmãos da América, que sentem que os espanhóis lhes arrebataram suas crenças e lhes obrigaram a aceitar um Deus de pele branca, o qual não era o que eles adoravam.
Os judeus e os muçulmanos que, para defenderem suas crenças, sufocaram-se totalmente nelas a ponto de entregarem suas vidas na defesa de seu Deus contra os deuses de estrangeiros que visavam apoderar-se de seus domínios.
E assim como eles, muitos outros têm em seu passado uma história de lutas e opressão que repercute na forma como hoje sentem a Deus e caminham para Ele.
Hoje, lhes falo a todos eles...
É o momento de esquecer.
Esquecer afrontas e perdoar.
A maior homenagem a Deus é a que nasce da alma, que é capaz de amar àqueles que a tenham ofendido.
O leão que mata a sua presa não o faz por maldade, o faz para comer. E aos filhos sobreviventes da presa não cabe o ódio pelo leão, o que cabe a eles é a lição de sobrevivência que a mesma natureza lhes permite aprender.
O ser humano não guarda lições, guarda rancores e isso é uma tragédia.
Ainda há indígenas na América vivendo ser conquistados já não pelos espanhóis, mas, agora por outros personagens de sua realidade atual.
Ainda se podem ouvir sacerdotes lutando contra mouros em suas cruzadas.
Ainda se vive o ódio dos judeus contra os alemães, ou dos muçulmanos contra os judeus.
Ainda há quem continua vendo seus irmãos com o mesmo ódio herdado de seus ancestrais que sofreram na mão de seus opressores.
O ódio do passado continua afetando a humanidade do presente.
E isso é uma tragédia.
Por isto é necessária uma revolução silenciosa.
Uma revolução que limpe o ódio do coração dos humanos.
Uma revolução que comece por libertar das cadeias do passado as vidas dos seres humanos do presente.
Muitas religiões são inspiradas na moral dos povos do passado. Enchem suas liturgias de conselhos e práticas que se faziam há milhares de anos. Entretanto, a humanidade hoje lida com novos desafios que a obrigam a pensar em novos termos.
A eutanásia, o aborto, a engenharia genética, os clones, o aquecimento global, todos estes são termos de um presente que exige novas formas de pensamento.
E... no entanto, há povos pensando nos conflitos de 500 ou mil anos atrás.
O presente exige de todos os irmãos da terra que façam uma parada.
Deixar de olhar para trás e defender o Planeta da maior ameaça jamais imaginada sobre o seu destino, desde que ele foi criado.
Antigamente, nas primeiras tradições, a Terra era vista como a mãe amorosa provedora da casa e do sustento dos seres humanos.
Hoje os governos a enxergam como uma fonte de onde tiram o maior proveito enquanto dure seu mandato.
Saqueiam-se bosques, eliminam-se mangues, secam-se lagos sempre que qualquer empresário se disponha a pagar ao governo impostos que lhe permitam fazer “grandes obras” e deixar seus eleitores contentes para ganhar nas próximas eleições.
E o futuro?
O governante só governa o povo a sua frente... porque, desgraçadamente, as gerações futuras não contam.
Tomam decisões agora às quais deverão pagar as crianças de amanhã... somente porque elas não votam hoje e nem nas próximas eleições.
Hipoteca-se o futuro adiando-se as soluções para que o mundo do amanhã as resolva, quando o preço a pagar será enorme.
Por isso é necessário criar as novas tradições.
O mundo necessita dos quéchuas, dos maias, dos toltecas, dos holpi, dos aborígines da Austrália, dos druidas da Irlanda, de todos os povos que honraram a Terra. Necessitamos unir nossas vozes para dar voz à Terra e defendê-la contra a inconsciência dos que tomam as decisões.
Hoje, o mundo está alarmado, porque o petróleo está terminando. Esgotaram em poucos anos com o que a natureza levou milhões de anos para formar.
A atmosfera está mudando a combinação de gases que a conformam porque existe uma grande quantidade de gases de combustão, que antes não existiam, flutuando no ambiente.
Hoje existem níveis de radiação que antes não havia, porque na natureza a radiação só era devida a produtos naturais que decaíam em seu processo para converter-se em elementos estáveis. Porém, o ser humano tem agregado uma infinidade mais de contaminantes radiativos derivados de provas nucleares e de plantas de fissão nuclear que geram eletricidade em vários países industrializados.
O planeta tem os seus próprios mecanismos de regulação. Claro! A natureza é sábia e aprendeu ao longo de milhões de anos de existência. Tem os bosques e o plâncton marítimo que regulam e limpam de contaminantes tanto a atmosfera como a água que cobre os três quartos da superfície do planeta.
Porém...
Os bosques estão sendo sacrificados para a obtenção de emprego e habitações. E o mar é o grande receptáculo de todos os desperdícios gerados pela civilização.
O planeta necessita não de filhos que, todavia vivam os conflitos de sua história, necessita de irmãos que vivam nos tempos atuais e pelejem suas próprias lutas, não as de seus pais.
Hoje a Terra necessita de todos. Nosso planeta reclama uma nova consciência global. É o tempo de levantar a voz por uma civilização que viva para o amanhã, de governos que semeiem a prosperidade do amanhã. Necessitamos reorientar os caminhos.
Que os cidadãos do mundo saibam que um sacrifício hoje poderá trazer uma garantia de vida a seus filhos de amanhã.
Não sacrifiquem suas florestas!
Sacrifiquem um pouco as suas vidas hoje, porém, pensem no futuro que caberá as seus filhos viverem amanhã.
Esta é a verdadeira luta dos povos autóctones da Terra. A luta pela terra de seus filhos.
Por isso, hoje eu lhes repito..., estamos iniciando uma revolução silenciosa. Uma revolução que nasce dentro do coração, que orienta esforços, alinha propósitos, direciona rumos... e define ações.


6. O CHAMADO AOS GUARDIÕES

Hoje a Terra fala através de minha boca.
A todos os amam o meu solo. A todos os que amam as minhas nuvens e montanhas.
A todos os que desejam os campos livres de contaminantes; como quando o bisão podia correr livre pelas pastagens porque eram suas, quando os peixes saltavam da água alegres de ter uma água limpa onde viver.
A todos os que, todavia, recordam de quando as flores dos campos eram o melhor vestido da natureza, de quando Deus cantava nos gorjeios dos pássaros que faziam seus ninhos em qualquer árvore, porque todas eram suas para isso.
Aos que viveram o deleite de dormir no meio da mata, sabendo que conviviam com a natureza pura e sem mácula.
A todos eles hoje lhes convoco.
Porém, chamo também àqueles que vivem tudo isso apenas em livros e filmes. Aos filhos da cidade, do asfalto, das grandes lojas que já não têm a oportunidade de conhecer um bosque que não necessite ser protegido, porque ninguém o danifica.
Aos que têm passado suas vidas empilhados em pequenos quartos junto com seus pais; aos que fugiram de um campo que já não produzia para viver.
Aos que lêem isto com lágrimas em seus olhos, sabendo que este tesouro da Terra lhes pertencia e a inconsciência dos que viveram antes o destruiu.
A todos vocês também lhes chamo hoje à nossa revolução silenciosa.
Hoje o homem acautela-se do próprio homem.
Depredador contra depredador.
Quem é a caça e quem é o caçador?
O ser humano destruiu a sua casa, contaminou o seu ar e a sua água. Agora tem que comprar a água que consome, tirá-la dos rios e limpá-la para tomar. Mais tarde, talvez tenha que engarrafar o ar para respirá-lo.
Por esta razão, hoje lhes chamo para dizer que é o tempo de iniciar um novo caminho.
É o tempo de unir esforços.
O passado com o futuro.
Os filhos do futuro são hoje a nossa esperança.
Não é o ser humano que vive com os paradigmas do passado que recuperará o planeta.
São o homem e a mulher conscientes de sua herança os que tomarão as rédeas de sua vida e reorientarão as forças e os cursos das ações.
Hoje lhes convoco a formar novas tradições.
Que o índio do passado se una aos jovens do futuro.
Que os anciões guardiões das tradições tomem seus bastões do comando, seus cachimbos, seus cajados, seus defumadores, suas tigelas e suas plumas das aves sagradas para iniciar uma nova e decisiva jornada.
A última das lutas.
A luta pela liberdade da Terra.
Porém, as suas vozes encontrarão eco, não nos governos atuais. Não.
Não é aí onde a luta se liberará. Essa luta está perdida, porque o coração dos homens do comércio não entende das águas que dançam nos rios, nem da águia que vela desde o espaço.
Os políticos não entendem do irmão urso que guarda as montanhas, nem do castor que constrói os diques onde se protegem os peixes pequeninos.
Não, a luta não será aí.
A luta é pelos corações dos jovens do amanhã.
Eles são a última esperança de uma humanidade destinada a despertar.
Eles são os que inaugurarão as novas tradições.
Essas onde a águia voe com o condor e habitem a mesma montanha.
Essas onde o lobo ainda seja o rei da tundra.
Essas onde os iaques e as cabras do monte não necessitem se esconder.
Estes jovens são os que se há de encontrar.
Os que vestirão os jalecos de laboratório. Os que elevarão sua voz no meio das universidades e dos fóruns mundiais de comércio.
Os que algum dia terão que gritar no meio dos estabelecimentos comerciais que com a natureza não se comercializa. Os que haverão de levantar suas vozes para falar a favor do futuro.
Eles são os que os veneráveis anciãos do bastão haverão de encontrar.
Esta é uma nova luta.
Uma luta que não se ganhará com gritos nem com ódios do passado. Ganhar-se-á com a luz dos corações conscientes de que o amanhã, tão esperado por todas as raças, chegou.
Esse dia que sempre se anunciou, quando o “Grande Espírito falaria com a voz de trovão” chegou.
Mas o trovão não é nos céus.
O trovão é nos corações dos que escutam esta verdade.
É o momento de nos unirmos em torno de uma revolução silenciosa.
Que cada povo tome um punhado de sua terra. Empreenda uma peregrinação sagrada em busca da águia que, parada sobre um figo (Opuntia ficus-indica) da índia, devora uma serpente e, todos juntos, aí onde o sinal lhes chame, unam suas terras como símbolo dos povos que se unem.
Mas, não o façam em silêncio.
Chamem os periódicos, chamem os políticos, chamem os jornais; não temam aos que vivem na inconsciência. É a hora dos sábios falarem, é a hora dos anciões tomarem a palavra e levantem a voz, como o fizera o chefe Seattle quando o presidente dos Estados Unidos quis comprar as suas terras.
Por acaso alguém pode vender a terra?
Por acaso alguém pode vender a terra de seus ancestrais? Esta terra onde estão descansando os corpos dos que tanto a defendeu?
Não, irmãos. Não é o momento de calar. É o momento de falar.
Porém, quando estiverem ligados as câmeras e os microfones, quando as senhoritas de cara pintada lhes fizerem perguntas tontas e tenham que falar... Olhem para as câmeras e falem às crianças. Não escutem os donos das televisões, eles não entendem as causas da Terra. Falem às crianças, aos jovens, aos que vêem a Terra como sua casa. Falem a eles da beleza das selvas, dos bosques, do espírito da montanha que voa a cada manhã para saudar ao novo sol. Falem a eles da sabedoria da serpente e dos conselhos da coruja. Das árvores que resguardam o planeta.
E quando disserem tudo o que tinham de dizer, façam silêncio. Não respondam com o ódio, não caiam no jogo dos entrevistadores. Eles buscam a notícia e para eles será tão somente mais um evento que estarão reportando.
A revolução já começou e a mensagem deve chegar limpa e pura aos novos corações.
Para isso é este manuscrito.
Para isso é que eu lhes chamei.
Eu sou Melkizedek, o guardião de todas as tradições.


7. O ESPÍRITO DA MONTANHA

Deixe-me contar-lhes uma história:
Uma história do futuro.
Isto é algo que já ocorreu, mas ainda não se passou.
Por isso a chamo história do futuro.
Houve um jovem que entendeu a montanha.
Um jovem que descobriu o Espírito da Montanha dentro de uma gruta.
E o espírito lhe falou.
Falou-lhe da importância de cuidar de cada pedra do caminho.
Falou-lhe da importância de cuidar do curso dos rios.
Falou-lhe das árvores que cuidam da Terra, dessas que têm mais de mil anos de existência.
Revelou-lhe o segredo dos segredos.
Disse-lhe que a Mãe Terra o estava preparando e, por isso, lhe falava.
Disse-lhe que a Mãe Terra necessitava dele porque tinha que dizer algo para que a humanidade despertasse de um sonho.
Mas, estas palavras deveria guardá-las muito dentro do peito, para que não saíssem antes do tempo.
O Grande Espírito lhe havia dito que, chegado o momento, teria que falar.
Mas, o menino era só um menino.
O que ele poderia fazer para despertar alguém?
O Espírito calou. Já havia dito tudo.
E o menino calou também.
Por muitos anos. Tantos, que esqueceu que isso havia ocorrido.
Até hoje... quando lê estas palavras.
E sua mente retorna àquela gruta, onde o Grande Espírito lhe falou.
Hoje não é um menino. É um velho.
Tem um bastão, ou talvez um cachimbo, ou um caracol.
Este menino não é só um.
São muitos, porque houve muitos espíritos que falaram a muitos meninos.
E eles estão escutando agora... não estas palavras. Estão escutando os seus corações.
Deixem que as suas lágrimas brotem. Tomem seus cajados, seus paus de chuva, tomem seus tambores ou seus guizos.
Agora já é a hora.
A Terra lhes chama a seus destinos.
A mensagem deve ser escutada.
Porque o que vocês têm que dizer, o escutarão outros meninos.
Os anciões do amanhã. Os guardiões do futuro.
As tradições do campo, do vale, da montanha, se cumprirão.
Agora o futuro se escreve nos laboratórios, nas feitorias, nos escritórios dos arranha-céus.
Agora devemos entregar a palavra do coração aos novos guardiões.
Deixe-me falar agora da segunda parte da história... a parte do futuro.
Haverá um menino, ou uma menina, talvez sejam muitos, toda uma geração, que escutará o som do grilo... e não o matará. O escutará e lhe parecerá interessante.
E entre as notas de seu canto entenderá algo que não havia entendido em sua escola.
Ouvirá a voz da Terra.
A Terra pedindo-lhe ajuda.
Dir-lhe-á que é o tempo de parar o mundo.
De que não basta deter a contaminação... há que se limpar o que está sujo. Há que se devolver o que foi tirado da Terra.
Há que se voltar a construir os bosques onde estavam.
Dir-lhe-á que foi uma bobagem tentar brincar de Deus e substituir a natureza. As montanhas não podem ser movidas sem que se pague um preço, os rios não podem ser detidos sem que se pague um preço, as árvores não podem ser cortadas sem que se pague um preço, o petróleo não pode ser extraído sem que se pague um preço. E a Terra cobrará o preço todo junto.
Ou se paga antes que a Terra cobre, ou o ser humano sofrerá as conseqüências de sua inconsciência.
E os meninos entenderão.
Os laboratórios deixarão de construir armas.
Não se podem construir armas para depois ter de usá-las porque já estão feitas e é preciso pagá-las.
Não se podem inventar inimigos para fazer batalhas que só servem para beneficiar a alguns.
Não se pode enganar um povo que escuta a Terra.
Os governos são como insetos que destroem tudo, se lhes permitem.
Eles não pensam senão em comida e mais comida.
Não guardam nada para o amanhã, querem tudo agora.
Por isso é preciso falar com os homens importantes do amanhã.
Por isso o grilo fala só aos jovens.
A esses que conhecem o campo unicamente nos filmes e nas fotos de revista, mas, que nunca passearam na vereda do rio e que nunca viram as formigas trabalharem de manhã para levar a seus ninhos o alimento de que precisam.
Nunca viram uma águia voar por seus domínios. Só a viram na televisão.
Eles são os que trarão o amanhã ao presente.
Muito cedo observarão o futuro que os espera e não irão desejá-lo.
Um futuro onde todos os campos são protegidos por eles mesmos.
Um futuro onde o campo se chama parque e há trilhas de onde não podem sair porque está proibido, para proteger os animais.
Um futuro onde o normal é consumir água em garrafas de plástico. Plástico que não se destrói, que contamina novamente.
Um futuro onde as casas são construídas no quinto ou sexto piso. Onde ninguém tem um pátio onde se possa plantar uma árvore.
Este é o futuro que o ser humano constrói agora.
E os jovens não o querem.
Por isso escutam o grilo.
Por isso escutam a Terra.
Por isso vocês serão escutados.
E por isso hoje lhes digo que é o momento de falar.
Hoje é o momento.
Que soem os caracóis americanos, os tambores africanos, os paus de chuva do sul e as flautas do norte.
Que dancem as cascavéis e soem castanholas.
Que os povos do passado ensinem os jovens do futuro. Falem-lhes daquilo que por tantos anos guardaram com tanto zelo.
Da sabedoria do bosque.

Que repitam o que o Espírito da Montanha lhes disse naquela tarde há muitas luas atrás.
Eu, Melkizedek, lhes peço que falem, para que o futuro lhes escute.


8. CHAMADO AOS JOVENS

Agora vou falar aos jovens. A estes que por fora são jovens, mas, por dentro são tão velhos como as árvores guardiãs.
Vocês receberam uma Terra que está morrendo. Uma Terra doente.
Cada um de vocês representa o melhor da humanidade.
Cada um de vocês veio com uma missão: deter a destruição do futuro.
A humanidade anterior a vocês veio destruindo o futuro.
Cada geração deixa à seguinte menos campos e mais cidades.
Recebem cada vez menos bosques e mais asfalto.
O ser humano já não é um filho da Terra das flores e do rio que canta, é mais um filho do aço e do asfalto.
Os jovens já não encontram diversão no eco da montanha, nem nas pedras de rio que rebatiam 5 vezes na superfície da água quando eram lançadas rente ao solo.
Já não há interesse em dormir em meio ao campo, ver alguma estrela fugaz e observar as estrelas girarem no céu.
Porém, a Terra está morrendo. E vocês são a última esperança.
Por isso vocês têm uma missão especial.
Uma missão que só vocês conhecem. Cada um é parte da solução. Cada um recebeu indicações precisas sobre o que teria que fazer.
Porém, vocês não o sabem. Apenas intuem que são partes da solução. E isso está bem.
Porque assim se protegem... e protegem o plano de resgate.
A primeira parte do que se deve fazer é conectar com a alma da raça.
Porque dentro de toda raça existe o amor à natureza. O amor à mãe que lhe deu a vida.
Este amor, vocês o levam dentro de si. Primeiro terão que descobri-lo.
Logo terão que manifestá-lo, todos os dias, todas as manhãs, a cada vez que vêem uma flor, uma árvore, um animal, recordando que todos são filhos da mesma mãe da qual vocês saíram. Da natureza, da Terra.
Quando fizerem disto um ritual, quando se acostumarem a agradecer à Mãe Natureza por tudo o que Ela lhes dá... começarão a falar a Sua língua.
E certas idéias começarão a surgir em suas cabeças.
Idéias de como se pode ajudar de maneira efetiva.
Idéias de como as suas vozes podem ser escutadas e atendidas.
Idéias de como os laboratórios podem começar a trabalhar pela Terra em vez de destruí-la.
De como os prêmios Nobel, ou outros que imaginarem, podem redirecionar a ciência rumo a uma nova consciência, até uma nova ética científica.
E dessas idéias o plano irá surgindo.
O plano que foi inserido dentro em seus corações.
E dele cada um recebeu apenas uma parte.
Porém, será uma realidade incensurável quando reunirem as peças de todos aqueles que escutaram o grilo, regaram a árvore e sorriram ao sol e às nuvens quando os viram pelas manhãs.
Então, um novo movimento despertará a consciência dos partidos políticos enriquecidos por jovens conscientes, que logo serão governos, que atuarão responsavelmente... Atendendo às massas, que exigirão um novo rumo.
O urânio e o átomo deverão ser deixados em paz.
A energia do núcleo não é a de que a natureza necessita. Ela contamina mais do que todas as outras juntas e os seus efeitos são de muito longo prazo. As armas nucleares são um exemplo de estupidez. Cada país criando o seu próprio veneno, o veneno com o qual envenenarão os seus próprios filhos.
Em um planeta onde a natureza une todos os povos em uma só aldeia, esperar que se possa matar um inimigo com veneno e não ser alcançado pelo mesmo veneno é tão infantil, quanto estúpido.
Por esta razão, há que se mudar o rumo.
Por isso este chamado é para os jovens.
Entendam que as cidades são um mundo criado pelo ser humano. Sem o campo, a cidade morre. Não haveria alimentos, não haveria energia, não haveria modo de viver sem a natureza.
Mas, não se protegem a natureza e limitam-na através de uma cerca e lhe dão o nome de “Parque Protegido”. Isto é encarcerar o que é por definição livre. Melhor seria pôr uma cerca nas cidades e revistar cada pessoa que desejasse sair ao campo, para que não levasse armas nem contaminantes.
Houve um tempo em que o homem e a mulher viviam no campo. No meio do campo. E seus pés pisavam a terra, recebiam as vibrações da Terra pela sola de seus pés. E isso lhe permitia entender o planeta.
Agora os pés vão fechados em sapatos e debaixo dos sapatos há o asfalto e, debaixo do asfalto, tubulações e resíduos de outras construções. Até os insetos tornaram-se urbanos. As moscas da cidade não podem viver no campo, pois lá rapidamente viram comida de outros animais.
Há um planeta que espera que esta mensagem seja escutada.
Os jovens de hoje e os de amanhã são a resposta às necessidades da Mãe Terra.
Alguns deles já foram dotados com a solução. São o exército da salvação. Trazem internamente uma porção desta solução.
Foram enviados para despertar.
Por isso necessitam escutar os pais das tradições.
Por isso devem atender ao chamado dos caracóis.
Por isso, quando escutarem o tambor ressoar com um ritmo melancólico, devem aproximar-se. Há uma mensagem para vocês.
Os anciões falam... Há que escutá-los.
Eles lhes falem em outra linguagem que talvez não entendam com sua mente.
Mas, entenderão com o espírito.
Porque será a Mãe Terra falando por meio da sua música.
Será a Mãe Natureza que lhes estará chamando para que despertem a lembrança daquilo que o grilo lhes anunciou, do que foi implantado no DNA de suas próprias células.
Não haverá amanhã se o presente não atua agora.
Por isso as ações se realizam agora.
Um pensamento, uma reflexão, uma meditação agora, formarão um plano amanhã.
Uma carta, uma canção, uma pintura agora, formarão todo um movimento amanhã.
Um grupo, uma conferência, um congresso agora, serão as idéias que assegurarão a solução amanhã.
As ações são agora... Para poder ter um amanhã.


EPÍLOGO

Uma revolução silenciosa começa com um coração aceso.
Uma revolução silenciosa começa com uma mente que pergunta e uma alma que responde.
Uma revolução silenciosa começa quando a mesma resposta aparece em vários corações, ao mesmo tempo.
E nessa resposta há um chamado à ação.
E nessa ação há uma semente de união.
Que germinará em um amanhã mais promissor.
Mais consciente da responsabilidade de viver para todos.
A humanidade não é formada só pelos homens vivos.
As crianças de amanhã também são parte da humanidade. Os que ainda não nasceram e os que não terão a oportunidade de nascer também devem ser levados em conta.
E esta revolução silenciosa também vela pelo planeta.
Com seus animais e com suas plantas... E com tudo o que se há de cuidar.
Como se cuidam das crianças... Sabendo que são elas que escreverão o futuro.
Como se cuidam do rio e da montanha, para que eles cuidem de nós.
Nossa revolução haverá de formar uma nova ciência.
Uma ciência que atenda às perguntas importantes.
Que não responda aos interesses da guerra.
Porque a maior liberdade do ser humano reside no poder de decisão que existe em sua mente.

E os cientistas de amanhã serão conscientes de que o poder do dinheiro submeteu as mentes dos cientistas do passado.
Obrigou-os a trabalhar para a guerra.
É uma indústria que não produz... Que destrói. Que se enriquece da morte dos irmãos.
Por isso os novos cientistas formarão as novas tradições.
E se farão as mesmas perguntas que os velhos sábios da antiguidade se fizeram.
Eles, assim como os xamãs e bruxos, buscarão explicar Deus.
Talvez com equações ou com aparelhos, que importa, se afinal, a resposta sempre será recebida nos corações?
Os bastões de comando serão substituídos pelos títulos universitários. Que importa? Afinal, o poder quem concede é a Terra, quando alguém a entende e lhe fala em seu idioma, quando se respeita a montanha e se conversa com as plantas antes de cortá-las.
Esta é a voz da humanidade, falando por mim.
Falo do passado porque o vivi e falo do futuro porque o vi.
Unamos o passado com o futuro e façamo-lo agora, no presente.
A Terra clama.
Eu sou Melkizedek.


Hari Bol!

Hare krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare hare

Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare

Seja feita a Vossa vontade, Senhor!!!!!

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